Caminhada pela epilepsia reuniu aproximadamente 700 pessoas na Paulista

“A caminhada na Avenida Paulista representou não apenas um movimento físico, mas também um passo significativo em direção a mais direitos e melhorias para os pacientes com epilepsia”, afirmou Maria Alice Susemihl, Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia.

Denise Tamer

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Amanhã, dia 26, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia. No marco das celebrações do “Março Roxo”, mês inteiro dedicado a esta doença neurológica, aconteceu na tarde de ontem a já tradicional caminhada na Avenida Paulista que fomenta informação e inclusão sobre a condição.

Organizada pela Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) a caminhada contou com aproximadamente 700 pessoas segundo a ABE.

O foco foi informar, combater estigmas e também cobrar melhor assistência e condições de tratamento.

“Foi inspirador ver a comunidade se unindo e caminhando juntos pela causa da epilepsia. O apoio e a conscientização gerados por eventos como esse são fundamentais para promover a inclusão, a compreensão e a qualidade de vida das pessoas que convivem com essa condição”, disse  Maria Alice Susemihl, Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia, bióloga e portadora de Epilepsia.

Além da ação na Avenida Paulista, a ABE organizou mobilizações em outros seis estados do país.

Números e cenário da epilepsia no Brasil

De acordo com os especialistas da ABE, cerca de 2% dos brasileiros, o equivalente a 4 milhões de pessoas, têm epilepsia. Já dados da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, mostram que cerca de 30% dos pacientes enfrentam estágios graves da doença, evidenciando a necessidade urgente de atenção e tratamento adequados.

epilepsia

A ABE desempenha um papel fundamental na conscientização e na defesa dos direitos das pessoas com epilepsia. Ainda segundo Susemihl é essencial garantir que todos os pacientes tenham acesso a tratamentos eficazes no Sistema Único de Saúde e suporte. “No momento, a terapia VNS — usada em quadros graves — não está sendo disponibilizada como deveria pelo governo e diversas pessoas sofrem uma perda na qualidade de vida, devido à falta de oferta desses tratamentos mais caros”, pontuou.

Tratamentos com Cannabis para epilepsia

“O Canabidiol foi incorporado ao SUS,  em alguns estados, para tratamento de Síndrome de Dravet, Lennox Gastaut e Esclerose Tuberosa, que são epilepsias raras. A disponibilização, no entanto, ainda necessita da publicação de Protocolo específico que determine as regras para sua utilização”, explicou Susemihl sobre a perspectiva da ABE em relação aos tratamentos com CBD para condição.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) de São Paulo confirmou que medicamentos à base de Cannabis medicinal devem começar a ser oferecidos no SUS paulista no início de maio

A partir de maio, o Sistema Único de Saúde (SUS) começará a distribuir remédios de Canabidiol em São Paulo. O fornecimento é garantido através da lei estadual nº 17.618, de 31/01/2023..

As medicações estarão disponíveis para portadores das seguintes doenças: e doenças:

  • Síndrome de Dravet,
  • Síndrome de Lennox-Gastaut
  • esclerose tuberosa

CBD tem efeitos benéficos no controle das crises epilépticas em alguns pacientes

O Canabidiol (CBD), um dos componentes ativos da Cannabis, tem propriedades anticonvulsivantes e pode reduzir a frequência e a intensidade das crises em algumas formas de epilepsia, especialmente nas formas refratárias ao tratamento convencional.

Foi o cientista brasileiro Dr. Elisaldo Carlini o primeiro a detectar que o CBD é eficaz contra convulsões há mais de 40 anos. Agora, os acadêmicos australianos fundamentam as alegações de que o efeito entourage é mais eficiente contra a epilepsia.

Em 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o registro do primeiro medicamento à base de CBD no Brasil, indicado para o tratamento de crises epilépticas associadas a duas síndromes raras e graves da infância: a Síndrome de Lennox-Gastaut e a Síndrome de Dravet.

E recentemente um estudo comprovou que extratos de Cannabis da planta inteira são mais eficientes para tratar a epilepsia do que as formas isoladas de CBD. A descoberta foi feita na Universidade de Melbourne, na Austrália, e publicada no periódico Journal of Cannabis Research.

A pesquisa investigou o efeito do extrato de Cannabis da planta inteira em canais de sódio dependentes de voltagem na epilepsia. É por esses canais que começa a ação nos neurônios que resultam em crises epilépticas. E é justamente na inibição desses canais que muitos medicamentos anticonvulsivantes atuam, inclusive os que têm CBD em sua composição.

A atividade reguladora do CBD contra a epilepsia

Já o artigo Cannabidiol modulates excitatory-inhibitory ratio to counter hippocampal hyperactivity trouxe uma pesquisa inovadora que revelou novos insights sobre como o CBD exerce seus efeitos anticonvulsivantes. Os pesquisadores da Universidade de Nova York observaram que o canabinoide reduz a hiperexcitabilidade dos neurônios ao interromper um ciclo de feedback positivo prejudicial.

Segundo o estudo, o CBD regula a atividade de um fosfolipídio endógeno batizado LPI. Normalmente, o LPI tem a função de aumentar a atividade neural excitatória e o desequilíbrio dessa substância no nosso cérebro pode levar a crises e convulsões.

Além disso, o LPI também estaria envolvido na atividade inibitória do cérebro e o faz por meio do receptor GPR55, que é apontado por alguns estudos como um receptor canabinoide. Esse receptor estaria presente no sistema nervoso central e cumpriria um papel importante na regulação de estresse e ansiedade. Assim, quando a produção de LPI está funcionando de forma anormal, o cérebro como um todo tem suas atividades afetadas.

Atividade complexa e ampla

O estudo também destacou que o CBD também reduz convulsões regulando outras enzimas e canais iônicos no cérebro. Isso demonstra como a atuação do canabidiol nos casos de epilepsia é extremamente complexo além de quase milagroso. E isso sem causar efeitos adversos severos nos pacientes.

Os autores do artigo concluíram que “o CBD fornece um potencial agente terapêutico em pacientes com epilepsia resistente ao tratamento que não responderam aos moduladores de receptores GABA (por exemplo, benzodiazepínicos), possivelmente devido aos efeitos do LPI-GPR55. Nossas evidências sugerem que a hiperatividade poderia desencadear a desinibição sináptica induzida pelo LPI, diminuindo ainda mais o limiar para convulsões recorrentes”.

Ainda destacaram que “ao restaurar a abundância do cluster do receptor GABA, o CBD pode restabelecer a eficácia dos benzodiazepínicos, contribuindo assim para a eficácia clínica do CBD na terapia combinada com benzodiazepínicos, além de possíveis interações farmacocinéticas no metabolismo dos medicamentos”.

A importância do “Março Roxo”

A campanha “Março Roxo” tem como objetivo destacar a importância da conscientização sobre a epilepsia, uma condição neurológica que afeta um grande número da população global.

De acordo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam essa condição. No cenário brasileiro, o Ministério da Saúde aponta que 25% dos casos de epilepsia são diagnosticados como graves, impactando consideravelmente a qualidade de vida dessas pessoas. É neste cenário que os tratamentos com Cannabidiol se tornam uma alternativa confiável e segura para quem busca qualidade de vida para conviver com a condição.

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Acompanhamento médico é fundamental

Para incluir ou retirar qualquer medicação de um paciente com epilepsia, é fundamental ter o acompanhamento de um profissional da saúde capacitado para isso. Os benefícios do CBD para conter convulsões exigem a orientação de um profissional da saúde para trazer o máximo de ganhos para o paciente.

Se você deseja iniciar um tratamento para a saúde utilizando a Cannabis, é possível fazer de forma legal e segura. Acessando a nossa plataforma de agendamentos, você pode marcar uma consulta com um dos nossos médicos e dentistas. São mais de 250 profissionais que estão preparados para avaliar o seu caso e recomendar a melhor opção terapêutica. Marque já a sua consulta!

 

Denise Tamer

Mãe, jornalista formada na PUC-RS com mestrado em comunicação e cultura realizado no Uruguai, na Universidad Católica de Uruguay. Foi em Montevidéu, onde estudou, trabalhou na UNESCO e mergulhou no universo da Cannabis. Atualmente vive na fronteira entre Uruguai e Brasil e atua nos diversos ecossistemas da Cannabis medicinal.